Volta esta noite pra mim,
Volta esta noite pra mim,
Canto-te um fado, no silêncio, se quiseres
Mando recado ao luar, que se costuma deitar
Ao nosso lado, para não vir hoje, se tu vieres
Anda deitar-te, fiz a cama de lavado
Cheira a alfazema o meu lençol alinhado,
Pus almofadas com fitas de cor,
Colcha de chita com barra de flor,
E à cabeceira tenho um santo alumiado.
Volta esta noite p'ra mim
Volta esta noite p'ra mim
Canto-te um fado no silêncio, se quiseres
Mando um recado ao luar, que se costuma deitar,
Ao nosso lado, p'ra não vir hoje, se tu vieres
Pus o meu xaile p'ra nos servir de coberta
E um solitário ao pé da janela aberta
Pus duas rosas que estão a atirar
Beijos vermelhos, sem boca para os dar
Sem o teu corpo, minha noite está deserta
Volta esta noite p'ra mim,
Volta esta noite p'ra mim,
Ser abraçada, por teus braços, atrevidos
Quero o teu cheiro sadio, neste meu quarto vazio,
De madrugada, beijo os teus lábios, adormecidos
Mando recado ao luar, que se costuma deitar,
Ao nosso lado, pra não vir hoje, se tu vieres
Três anos depois do álbum de estreia, Gisela João editou o seu muito aguardado segundo disco.
Chama-se “Nua” e são fados. Fados nus, sem arranjos nem artifícios de produção, como ela os sente e gosta de cantar.
Tal como o primeiro disco, foi gravado fora do ambiente normal dos estúdios, entre o Palácio de Santa Catarina, em Lisboa, e a Cidadela de Cascais. Consigo estiveram Ricardo Parreira na Guitarra Portuguesa, Nelson Aleixo na Viola de Fado, Francisco Gaspar na Viola Baixo e Frederico Pereira na Produção e Direção Musical.
O disco dá voz às palavras de alguns poetas da atualidade, visita temas clássicos e tradicionais e surpreende-nos mostrando que, vinda de onde vier - e vem de muitos sítios - a música que passa pela voz de Gisela João é fado.
É esse o seu fado.